Caio Régis

Tô velho pra encarar histórias de super-heróis como analogia para problemas juvenis (o filme até saturou em certo ponto) mas há de se aplaudir o espetáculo visual, somos jogados nesse universo anárquico e aleatório e ficamos tão confusos quanto o próprio Miles, no bom sentido, é claro. Não menos afiados são os diálogos, dinâmicos e pungentes o bastante para garantir que estejamos numa montanha russa sem proteção nem nada.

Contudo, esta sequência sofre de um vício que infelizmente assola boa parte dos segundos filmes de qualquer franquia: trata-se de uma ponte para a conclusão num futuro próximo; logo, não há desfecho. Todo conflito, interpessoal e intrapessoal, continua sem solução clara até que a trilogia seja finalmente lançada. Mas até tais pontas soltas funcionam para deixar a gente com um gostinho de quero mais, ainda que o filme tenha exagerado no tempo de duração (2h30m).

"Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" não quebra apenas barreiras narrativas de seu próprio universo, mas expande os limites da animação com um estrondoso pé na porta e soco na cara, parafraseando a banda Matanza que, por sinal, cairia como uma luva na trilha sonora.

"Eu só queria poder dar uma alegria ao meu povo, a minha gente que sofre inúmeras coisas. Infelizmente não conseguimos. Desculpa a todo mundo, desculpa a todos os americanos. Eu só queria ver meu povo sorrir."

- David "Oppenheimer" Luiz, o homem que só queria ver seu povo sorrir.

Sim, esse filme curou minha insônia.