Abaixo deixo uma crítica do longa por André Bazin, o qual retirei do livro "O Cinema da Crueldade", onde Truffaut organiza diversas críticas de Bazin.
"La passion de Jeanne d'Arc
Nossos leitores parisienses gozam de um grande privilégio: podem ver ou rever no Cinéma d'Essai La passion de Jeanne d'Arc, de Carl Dreyer. Por certo, felizmente, os cineclubes divulgaram esse filme na província há três ou quatro anos, mas a cópia projetada atualmente no Cinéma d'Essai restitui à obra-prima de Dreyer uma espécie de virgindade. Foi extraída do negativo original, miraculosamente reencontrado no acervo de película-som da Gaumont, quando todos a imaginavam destruída. Ora, não existe provavelmente filme em que a qualidade material da fotografia tenha maior importância.
La passion de Jeanne d'Arc foi realizada na França em 1928 pelo cineasta dinamarquês Carl Dreyer com atores e equipe técnica franceses. Extraído, em princípio, de um roteiro de Joseph Delteil, o filme é, de fato, direta e fielmente inspirado nas minutas do processo, mas a ação se condensa num único dia segundo um imperativo trágico que de forma alguma a falseia.
A Jeanne d'Arc de Dreyer permanece memorável nos anais do cinema pela audácia fotográfica. Com exceção de algumas imagens, o filme é inteiramente composto de closes, principalmente de rostos. Essa técnica atendia a dois propósitos aparentemente contraditórios, mas, na verdade, intimamente complementares: misticismo e realismo. A história de Joana, tal como nos é mostrada por Dreyer, apresenta-se despojada de qualquer incidência anedótica; é o puro combage das almas, mas essa tragédia exclusivamente espiritual, onde todo o movimento é interior, expressa-se cabalmente por intermédio dessa parte privilegiada do corpo que é o rosto.
Importa precisá-lo ainda uma vez. O ator emprega seu rosto para expressar sentimentos, porém Dreyer exigiu de seus intérpretes outra coisa a mais que a interpretação. Vista de tão perto em grande close, a máscara da interpretação cai. Como escrevia o crítico húngaro Bela Balasz: "A câmara penetra todas as camadas da fisionomia: além do rosto que se faz, ela descobre o rosto que se tem... Visto de tão perto, o rosto humano torna-se o documento." O paradoxo fecundo, o ensinamento inesgotável desse filme é que, nele, a extrema purificação espiritual se entrega ao realismo mais escrupuloso sob o microscópio da câmara. Dreyer proibiu qualquer maquiagem, os crânios dos monges são efetivamente raspados e foi diante de toda a equipe em lágrimas que o carrasco cortou realmente os cabelos de Falconetti antes de conduzi-la à fogueira. Não se tratava, em absoluto, de uma tirania. Devemos-lhe esse sentimento irrecusável da tradução direta da alma. A verruga de Silvain (Cauchon), as sardas de Jean d'Yd, as rugas de Maurice Schutz são consubstanciais à sua alma, significam mais que a sua interpretação. Cerca de vinte anos depois, foi isso o que Bresson nos demonstrou em Le journal d'un curé de campagne.
Haveria muito a dizer sobre esse filme, uma das mais incontestáveis obras-primas do cinema. Gostaria de formular ainda duas observações. Primeiro esta: Dreyer é talvez, com Eisenstein, o único cineasta cuja obra iguala a dignidade, a nobreza, a poderosa elegância das obras-primas da pintura, não só porque nelas se inspira como também, mais essencialmente, porque redescobre os seus segredos em profundezas estéticas comparáveis. Não tenhamos nenhuma falsa modéstia a propósito do cinema: um Dreyer rivaliza com os grandes pintores do Renascimento italiano ou da escola flamenga. A segunda observação é que só falta a esse filme a fala. Uma única coisa envelheceu: a intrusão dos subtítulos. Dreyer, de resto, lamentou não poder utilizar o som ainda balbuciante de 1928. Aos que ainda acham que o cinema cometeu uma infração quando se pôs a falar, basta opor essa obra-prima do cinema mudo já virtualmente falado".
A crítica do Bazin sobre esse filme é maravilhosa. Abaixo, transcrevo alguns trechos dela presentesem "O Cinema da Crueldade", livro de André Bazin organizado por François Truffaut.
"Rear Window é sem dúvida o filme teoricamente mais hábil e mais perfeito de Alfred Hitchcock. Nem a continuidade de tomadas de Rope constituía uma proeza comparável às múltiplas dificuldades técnicas aqui resolvidas por Hitchcock. Mais precisamente, a idéia inicial do roteiro é aqui uma idéia de encenação cuja execução se subdivide em várias séries de problemas técnicos relacionados com a construção do cenário, as tomadas e o som.
Assim, pois, Hitchcock concebeu o roteiro e realizou o filme do ponto de vista do seu herói. Será, por definição, excluída da encenação qualquer coisa que pudéssemos ver e ouvir além do que James Stewart pode ver e ouvir em sua cadeira de rodas. Notemos, porém, que não se trata de um filme "em primeira pessoa" e nem sequer de um filme subjetivo. O ponto de vista adotado é lógico e físico. Estamos ao lado de James Stewart, e não dentro dele. A argúcia policial reside, pois, na dificuldade de reconstituir os móveis e o processo de um crime a partir de observações distantes e extraordinariamente fragmentadas. Para tornar essa operação verossímil e permitir simultaneamente as múltiplas interferências da vida coletiva do prédio percebida pelas outras janelas, Hitchcock construiu um cenário bastante extraordinário e ao mesmo tempo notavelmente realista, do qual todas as descobertas são habilmente calculadas. Por exemplo, a da rua entrevista na brecha entre duas paredes. Naturalmente, seria insuportável só ver os protagonistas inconscientes à distância real das duas fachadas. Era necessário variar o enquadramento dos planos, sem com isso penetrar na casa dos vizinhos, nem trapacear o postulado inicial. Hitchcock resolveu o problema graças a uma técnica muito engenhosa. A profissão de James Stewart autoriza-o a possuir binóculos potentes e até uma enorme teleobjetiva adaptável a uma câmara reflex. Assim, são logicamente justificáveis todas as mudanças de objetivas, até os planos mais aproximados".
"Aparentemente dócil, Orson Welles fez em 'A Dama de Shangai' o que lhe foi pedido. Mas ele o fez com intenção bem precisa. Aos olhos do produtor, ele estragou sua última chance. Na verdade, ele estava se vingando de Hollywood antes de desaparecer. É por isso que ele 'mata' Rita Hayworth. Podemos nos perguntar por que o filme não foi destruído depois de terminado. Gesto heróico da parte dos dirigentes da Columbia, enganados mas ainda jogadores; admiradores do golpe de audácia de Welles ou simplesmente desejosos de recuperar o dinheiro investido? Após alguns cortes, o filme foi lançado no circuito. Mas os americanos nunca perdoaram Orson Welles.' - Jacques Siclier "Cahiers du Cinéma", maio de 1956
Esse filme me chamou a atenção por dois motivos. A sinopse, curto mt distopia; e a qualidade duvidosa desse longa. Esperava uma bomba mas a trama salvaria. O único que eu esperava foi por água baixo (literalmente). Referente aos efeitos visuais e elenco, é um filme de baixo orçamento, então não se pode pedir muito mesmo.
Não gosto de qualificar filmes, mas essa segunda versão do filme de 1940 é bem melhor que a original. Neste, as atuações são boas, com uma Ingrid Bergman arrebentando. Fotografia boa, trabalhando com sombras e neblina, toda uma estética noir. A direção é boa e a abordagem com a narrativa é mais interessante. Aqui, tem todo um mistério, e vc pode chegar a acreditar que o Gregory é uma boa pessoa e de vez em quando extrapola, enquanto a Paula pode ser que esteja agindo de forma estranha; no primeiro filme já é entregado que é tudo uma triste farsa do marido. Também chama a atenção a questão do gás e do barulho de passos, visto que no primeiro filme, o marido faz aquilo para torturar mais a vítima, enquanto nesta versão, o Gregory acabava tendo que acender mais um gás e fazer todo o barulho para procurar as joias, ou seja, ele tinha um ponto de partida.
E o personagem do Charles Boyer só é menos odiável que o marido do primeiro filme. [spoiler][/spoiler]
Filmaço. Excelente fotografia, trabalhando muito bem a estética noir. Depois de O Bebê de Rosemary fazia uma cota q nn me via tão afligido num filme. Suspense até o último minuto.
O primeiro filme "hitchcockiano· do Hitch. Filme muito bom, acho que é o melhor da fase muda. Gosto muito de "A Mulher do Fazendeiro", mas a forma como o Hitch brinca, gerando suspense, te induzindo que o Ivor Novello seja o assassino em determinado momento e te induzindo que ele não seja, é bem interessante.
Visualmente é um dos melhores filmes do Hitch. Bem inovador e ousado na técnica. Bons planos e muita coisa experimental. Seria um filme muito bom se o roteiro fosse melhor desenvolvido (mas claro, estamos falando de um filme de 1927).
O roteiro de certo modo é interessante, mostrando a decadência do Ivor Novello, até chegar em um ponto críitico. O que mais me incomodou foi o motivo, a causa, do declínio do personagem principal (muito, é claro, pela época, com toda suas convenções, códigos, e etc. que o Hitch teve que lutar em toda sua filmografia, então o motivo da acusação é bobinho, mas, não se pode ser anacrônico nem descontextualizar). Chamo a atenção desse filme a fotografia e os elementos visuais no geral, principalmente, nas cenas dos delírios, a fase muda do Hitch é bem rica visualmente e bem inovadora.
Nunca entendi a má reputação desse filme. Uma excelente comédia romântica, com alguns elementos visuais bem interessantes (como a cena da cadeira). Gordon Harker, um dos principais atores da fase muda de Hitch, rouba a cena sempre que aparece, hilário como sempre. De repente o filme poderia ser menor e evitar uma mulher para não ser repetitivo? Talvez, mas mesmo assim é um filme muito bom. Se pá meu favorito da fase muda do Hitchcock.
Ainda bem que o Hitch fez um remake desse filme, pois tinha um grande potencial. A época, as limitações, as convenções, o orçamento e outros fatores acabaram não aproveitando ao máximo esse filme. Tem alguns aspectos positivos e outros negativos. Em comparação com o filme de 56, o começo do remake, apresentando os personagens, motivos de suas viagens, profissões, o local; foi de suma importância para entendermos a trama e criarmos empatia pelos protagonistas, coisa que não ocorre no original, que é muito rápido e largado. A morte do espião nesse filme é mais realista do que no segundo filme, mas as ameaças são o contrário. O restante da trama acaba sendo melhor aproveitado no remake num sentido geral, mas a forma como encontram a igreja é mais plausível no filme de 34, além da igreja do original gerar mais medo, com a Cicely Otens e o Peter Lorre em uma atuação soberba, e toda a questão da hipnose. O final também é mais interessante no original. Tem seus pontos positivos e seus pontos negativos (mais em decorrência do contexto).
Um dos mais abaixos da grande carreira de Hitchcock. Roteiro fraco. De destaque temos a transição do aquário para a tela do cinema que volta para o aquário, uma cena bem interessante e técnicamente atraente. Também poderia destacar o suspense que envolve o menino que deve entregar o pacote em determinado horário e em outro horário aparentemente a bomba explodirá. E vemos o menino se distraindo e/ou sendo impedido de realizar sua tarefa gerando toda aquela agonia, até chegarmos no clímax, com o horário apertado e o menino ainda com o pacote na mão e depois seu paradeiro.
Sou grande fã de Alfred Hitchcock, meu diretor favorito, na época que estava começando minha cinefilia via muita pessoa colocando esse filme em um alto pedestal, creio que isso me afastou um pouco do filme assim que assisti pela primeira vez. Tinha gostado do filme e amado o romance, mas não achava que era tudo isso que tinha lido. Com outra maturidade e revisando, cresceu muito para mim. Um dos meus favoritos do Hitch. Grant e Bergman.
Obra de arte. Se eu amo cinema é por causa desse filme, que não é apenas meu filme favorito do meu diretor favorito, como é o meu filme favorito de todos. Na faculdade, me lembro do professor explicar o efeito dolly zoom e citou que sobre esse filme, fui atrás como bom curioso, e aí abri a porta para a cinefilia. Poderia falar por horas sobre essa maravilha. Puro voyeurismo. Gosto muito das cenas que o Scottie está seguindo a Madeleine de carro, o ângulo da câmera, o plano e seu contra plano. TE AMO JUDY BARTONS.
Obra de arte. Daria para fazer um podcast que seria maior que esse filmaço só falando dele. A cena da miragem, onde se teve que fazer uma lente específica. As atuações de todo o elenco, Peter O'Toole e Omar Sharif soberbos. A famosa cena de transição. As rimas visuais e os simbolismos. Mas para mim dentre várias cenas maravilhosas, as cenas que o Lawrence se olha na faca em diferentes momentos é genial. NOTA 11
No meu ver o filme mais abaixo do mestre Hitchcock. Interessante a narrativa, e tem alguns take bonito nos passeio do segundo matrimônio, além da frase icônica final que o Hitchcock disse que odiava kk. Vale ressaltar a temática do inocente culpado injustamente, neste caso, a mulher.
Depois dos grande figurões do Hitch (Vertigo e Psycho), por assim dizer, esse é o meu favorito. Fecha o top 3. Primeiro filme colorido do Hitchock, além, dos inúmeros planos sequência com cortes interessantes como transição, a fim de gerar uma sensação que o filme se trata de um único plano sequência. Todavia, o filme não se limita a técnica, gerando um excelente suspense, e, não se pode deixar de falar das alegorias e metáforas presentes no filme. TE AMO HITCHCOCK.
Quando assisti o original, vi que era um filme com grande potencial, mas pelas suas limitação da época, orçamento e o que seja acabou não sendo aproveitado ao máximo. Ainda bem que o Hitch refez "O Homem que Sabia Demais". Se por um lado o filme tem alguns acertos, como apresentação dos personagens, suas profissão, onde moram e onde vão se alojar (diferente do original, onde acontecem as coisas muito rápido), além de gerar uma empatia pelos protagonistas, também me incomodou algumas coisas como o final. Um dos melhores do Hitchcock.
Roteiro e trama normal, segui a recomendação por causa da fotografia e não me arrependi. Obra de arte essa fotografia. Estética totalmente noir. Sombras muito bem trabalhadas.
Bom filme. Curti muito. Fotografia, iluminação e produção maravilhosas. Trabalha a metalinguagem ao se tratar de um filme sobre a realização de uma novela. Além de ser um bom drama. Para quem quer ver algo mais fora do padrão fica a recomendação.
Instinto Selvagem
3.6 555 Assista AgoraPuramente Vertigo.
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraAbaixo deixo uma crítica do longa por André Bazin, o qual retirei do livro "O Cinema da Crueldade", onde Truffaut organiza diversas críticas de Bazin.
"La passion de Jeanne d'Arc
Nossos leitores parisienses gozam de um grande privilégio: podem ver ou rever no Cinéma d'Essai La passion de Jeanne d'Arc, de Carl Dreyer. Por certo, felizmente, os cineclubes divulgaram esse filme na província há três ou quatro anos, mas a cópia projetada atualmente no Cinéma d'Essai restitui à obra-prima de Dreyer uma espécie de virgindade. Foi extraída do negativo original, miraculosamente reencontrado no acervo de película-som da Gaumont, quando todos a imaginavam destruída. Ora, não existe provavelmente filme em que a qualidade material da fotografia tenha maior importância.
La passion de Jeanne d'Arc foi realizada na França em 1928 pelo cineasta dinamarquês Carl Dreyer com atores e equipe técnica franceses. Extraído, em princípio, de um roteiro de Joseph Delteil, o filme é, de fato, direta e fielmente inspirado nas minutas do processo, mas a ação se condensa num único dia segundo um imperativo trágico que de forma alguma a falseia.
A Jeanne d'Arc de Dreyer permanece memorável nos anais do cinema pela audácia fotográfica. Com exceção de algumas imagens, o filme é inteiramente composto de closes, principalmente de rostos. Essa técnica atendia a dois propósitos aparentemente contraditórios, mas, na verdade, intimamente complementares: misticismo e realismo. A história de Joana, tal como nos é mostrada por Dreyer, apresenta-se despojada de qualquer incidência anedótica; é o puro combage das almas, mas essa tragédia exclusivamente espiritual, onde todo o movimento é interior, expressa-se cabalmente por intermédio dessa parte privilegiada do corpo que é o rosto.
Importa precisá-lo ainda uma vez. O ator emprega seu rosto para expressar sentimentos, porém Dreyer exigiu de seus intérpretes outra coisa a mais que a interpretação. Vista de tão perto em grande close, a máscara da interpretação cai. Como escrevia o crítico húngaro Bela Balasz: "A câmara penetra todas as camadas da fisionomia: além do rosto que se faz, ela descobre o rosto que se tem... Visto de tão perto, o rosto humano torna-se o documento." O paradoxo fecundo, o ensinamento inesgotável desse filme é que, nele, a extrema purificação espiritual se entrega ao realismo mais escrupuloso sob o microscópio da câmara. Dreyer proibiu qualquer maquiagem, os crânios dos monges são efetivamente raspados e foi diante de toda a equipe em lágrimas que o carrasco cortou realmente os cabelos de Falconetti antes de conduzi-la à fogueira. Não se tratava, em absoluto, de uma tirania. Devemos-lhe esse sentimento irrecusável da tradução direta da alma. A verruga de Silvain (Cauchon), as sardas de Jean d'Yd, as rugas de Maurice Schutz são consubstanciais à sua alma, significam mais que a sua interpretação. Cerca de vinte anos depois, foi isso o que Bresson nos demonstrou em Le journal d'un curé de campagne.
Haveria muito a dizer sobre esse filme, uma das mais incontestáveis obras-primas do cinema. Gostaria de formular ainda duas observações. Primeiro esta: Dreyer é talvez, com Eisenstein, o único cineasta cuja obra iguala a dignidade, a nobreza, a poderosa elegância das obras-primas da pintura, não só porque nelas se inspira como também, mais essencialmente, porque redescobre os seus segredos em profundezas estéticas comparáveis. Não tenhamos nenhuma falsa modéstia a propósito do cinema: um Dreyer rivaliza com os grandes pintores do Renascimento italiano ou da escola flamenga. A segunda observação é que só falta a esse filme a fala. Uma única coisa envelheceu: a intrusão dos subtítulos. Dreyer, de resto, lamentou não poder utilizar o som ainda balbuciante de 1928. Aos que ainda acham que o cinema cometeu uma infração quando se pôs a falar, basta opor essa obra-prima do cinema mudo já virtualmente falado".
(Radio-Cinéma - 1952)
Janela Indiscreta
4.3 1,2K Assista AgoraA crítica do Bazin sobre esse filme é maravilhosa. Abaixo, transcrevo alguns trechos dela presentesem "O Cinema da Crueldade", livro de André Bazin organizado por François Truffaut.
"Rear Window é sem dúvida o filme teoricamente mais hábil e mais perfeito de Alfred Hitchcock. Nem a continuidade de tomadas de Rope constituía uma proeza comparável às múltiplas dificuldades técnicas aqui resolvidas por Hitchcock. Mais precisamente, a idéia inicial do roteiro é aqui uma idéia de encenação cuja execução se subdivide em várias séries de problemas técnicos relacionados com a construção do cenário, as tomadas e o som.
Assim, pois, Hitchcock concebeu o roteiro e realizou o filme do ponto de vista do seu herói. Será, por definição, excluída da encenação qualquer coisa que pudéssemos ver e ouvir além do que James Stewart pode ver e ouvir em sua cadeira de rodas. Notemos, porém, que não se trata de um filme "em primeira pessoa" e nem sequer de um filme subjetivo. O ponto de vista adotado é lógico e físico. Estamos ao lado de James Stewart, e não dentro dele. A argúcia policial reside, pois, na dificuldade de reconstituir os móveis e o processo de um crime a partir de observações distantes e extraordinariamente fragmentadas. Para tornar essa operação verossímil e permitir simultaneamente as múltiplas interferências da vida coletiva do prédio percebida pelas outras janelas, Hitchcock construiu um cenário bastante extraordinário e ao mesmo tempo notavelmente realista, do qual todas as descobertas são habilmente calculadas. Por exemplo, a da rua entrevista na brecha entre duas paredes. Naturalmente, seria insuportável só ver os protagonistas inconscientes à distância real das duas fachadas. Era necessário variar o enquadramento dos planos, sem com isso penetrar na casa dos vizinhos, nem trapacear o postulado inicial. Hitchcock resolveu o problema graças a uma técnica muito engenhosa. A profissão de James Stewart autoriza-o a possuir binóculos potentes e até uma enorme teleobjetiva adaptável a uma câmara reflex. Assim, são logicamente justificáveis todas as mudanças de objetivas, até os planos mais aproximados".
A Dama de Shanghai
4.0 103 Assista Agora"Aparentemente dócil, Orson Welles fez em 'A Dama de Shangai' o que lhe foi pedido. Mas ele o fez com intenção bem precisa. Aos olhos do produtor, ele estragou sua última chance. Na verdade, ele estava se vingando de Hollywood antes de desaparecer. É por isso que ele 'mata' Rita Hayworth. Podemos nos perguntar por que o filme não foi destruído depois de terminado. Gesto heróico da parte dos dirigentes da Columbia, enganados mas ainda jogadores; admiradores do golpe de audácia de Welles ou simplesmente desejosos de recuperar o dinheiro investido? Após alguns cortes, o filme foi lançado no circuito. Mas os americanos nunca perdoaram Orson Welles.'
- Jacques Siclier
"Cahiers du Cinéma", maio de 1956
Império dos Tubarões
1.5 7 Assista AgoraEsse filme me chamou a atenção por dois motivos. A sinopse, curto mt distopia; e a qualidade duvidosa desse longa. Esperava uma bomba mas a trama salvaria. O único que eu esperava foi por água baixo (literalmente). Referente aos efeitos visuais e elenco, é um filme de baixo orçamento, então não se pode pedir muito mesmo.
À Meia Luz
4.1 96 Assista AgoraNão gosto de qualificar filmes, mas essa segunda versão do filme de 1940 é bem melhor que a original. Neste, as atuações são boas, com uma Ingrid Bergman arrebentando. Fotografia boa, trabalhando com sombras e neblina, toda uma estética noir. A direção é boa e a abordagem com a narrativa é mais interessante. Aqui, tem todo um mistério, e vc pode chegar a acreditar que o Gregory é uma boa pessoa e de vez em quando extrapola, enquanto a Paula pode ser que esteja agindo de forma estranha; no primeiro filme já é entregado que é tudo uma triste farsa do marido. Também chama a atenção a questão do gás e do barulho de passos, visto que no primeiro filme, o marido faz aquilo para torturar mais a vítima, enquanto nesta versão, o Gregory acabava tendo que acender mais um gás e fazer todo o barulho para procurar as joias, ou seja, ele tinha um ponto de partida.
E o personagem do Charles Boyer só é menos odiável que o marido do primeiro filme.
[spoiler][/spoiler]
As Diabólicas
4.2 208 Assista AgoraFilmaço. Excelente fotografia, trabalhando muito bem a estética noir. Depois de O Bebê de Rosemary fazia uma cota q nn me via tão afligido num filme. Suspense até o último minuto.
O Pensionista
3.9 80 Assista AgoraO primeiro filme "hitchcockiano· do Hitch. Filme muito bom, acho que é o melhor da fase muda. Gosto muito de "A Mulher do Fazendeiro", mas a forma como o Hitch brinca, gerando suspense, te induzindo que o Ivor Novello seja o assassino em determinado momento e te induzindo que ele não seja, é bem interessante.
O Ringue
3.5 31Visualmente é um dos melhores filmes do Hitch. Bem inovador e ousado na técnica. Bons planos e muita coisa experimental. Seria um filme muito bom se o roteiro fosse melhor desenvolvido (mas claro, estamos falando de um filme de 1927).
Decadência
3.1 24 Assista AgoraO roteiro de certo modo é interessante, mostrando a decadência do Ivor Novello, até chegar em um ponto críitico. O que mais me incomodou foi o motivo, a causa, do declínio do personagem principal (muito, é claro, pela época, com toda suas convenções, códigos, e etc. que o Hitch teve que lutar em toda sua filmografia, então o motivo da acusação é bobinho, mas, não se pode ser anacrônico nem descontextualizar). Chamo a atenção desse filme a fotografia e os elementos visuais no geral, principalmente, nas cenas dos delírios, a fase muda do Hitch é bem rica visualmente e bem inovadora.
A Mulher do Fazendeiro
2.9 27Nunca entendi a má reputação desse filme. Uma excelente comédia romântica, com alguns elementos visuais bem interessantes (como a cena da cadeira). Gordon Harker, um dos principais atores da fase muda de Hitch, rouba a cena sempre que aparece, hilário como sempre. De repente o filme poderia ser menor e evitar uma mulher para não ser repetitivo? Talvez, mas mesmo assim é um filme muito bom. Se pá meu favorito da fase muda do Hitchcock.
O Homem que Sabia Demais
3.5 74 Assista AgoraAinda bem que o Hitch fez um remake desse filme, pois tinha um grande potencial. A época, as limitações, as convenções, o orçamento e outros fatores acabaram não aproveitando ao máximo esse filme. Tem alguns aspectos positivos e outros negativos. Em comparação com o filme de 56, o começo do remake, apresentando os personagens, motivos de suas viagens, profissões, o local; foi de suma importância para entendermos a trama e criarmos empatia pelos protagonistas, coisa que não ocorre no original, que é muito rápido e largado. A morte do espião nesse filme é mais realista do que no segundo filme, mas as ameaças são o contrário. O restante da trama acaba sendo melhor aproveitado no remake num sentido geral, mas a forma como encontram a igreja é mais plausível no filme de 34, além da igreja do original gerar mais medo, com a Cicely Otens e o Peter Lorre em uma atuação soberba, e toda a questão da hipnose. O final também é mais interessante no original. Tem seus pontos positivos e seus pontos negativos (mais em decorrência do contexto).
Sabotagem
3.7 74 Assista AgoraUm dos mais abaixos da grande carreira de Hitchcock. Roteiro fraco. De destaque temos a transição do aquário para a tela do cinema que volta para o aquário, uma cena bem interessante e técnicamente atraente. Também poderia destacar o suspense que envolve o menino que deve entregar o pacote em determinado horário e em outro horário aparentemente a bomba explodirá. E vemos o menino se distraindo e/ou sendo impedido de realizar sua tarefa gerando toda aquela agonia, até chegarmos no clímax, com o horário apertado e o menino ainda com o pacote na mão e depois seu paradeiro.
Interlúdio
4.0 269 Assista AgoraSou grande fã de Alfred Hitchcock, meu diretor favorito, na época que estava começando minha cinefilia via muita pessoa colocando esse filme em um alto pedestal, creio que isso me afastou um pouco do filme assim que assisti pela primeira vez. Tinha gostado do filme e amado o romance, mas não achava que era tudo isso que tinha lido. Com outra maturidade e revisando, cresceu muito para mim. Um dos meus favoritos do Hitch. Grant e Bergman.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraObra de arte. Se eu amo cinema é por causa desse filme, que não é apenas meu filme favorito do meu diretor favorito, como é o meu filme favorito de todos. Na faculdade, me lembro do professor explicar o efeito dolly zoom e citou que sobre esse filme, fui atrás como bom curioso, e aí abri a porta para a cinefilia. Poderia falar por horas sobre essa maravilha. Puro voyeurismo. Gosto muito das cenas que o Scottie está seguindo a Madeleine de carro, o ângulo da câmera, o plano e seu contra plano. TE AMO JUDY BARTONS.
Lawrence da Arábia
4.2 415 Assista AgoraObra de arte. Daria para fazer um podcast que seria maior que esse filmaço só falando dele. A cena da miragem, onde se teve que fazer uma lente específica. As atuações de todo o elenco, Peter O'Toole e Omar Sharif soberbos. A famosa cena de transição. As rimas visuais e os simbolismos. Mas para mim dentre várias cenas maravilhosas, as cenas que o Lawrence se olha na faca em diferentes momentos é genial. NOTA 11
...E o Vento Levou
4.3 1,4K Assista AgoraUm clássico. Tem todas suas problemáticas. Nota 10. A primeira parte é nota 11.
Mulher Pública
3.2 23No meu ver o filme mais abaixo do mestre Hitchcock. Interessante a narrativa, e tem alguns take bonito nos passeio do segundo matrimônio, além da frase icônica final que o Hitchcock disse que odiava kk. Vale ressaltar a temática do inocente culpado injustamente, neste caso, a mulher.
Jovem e Inocente
3.6 48 Assista AgoraBom filme. Um dos melhores da fase britânica. Tem alguns probleminhas (mas seria anacronismo da minha parte falar isso também).
Festim Diabólico
4.3 885 Assista AgoraDepois dos grande figurões do Hitch (Vertigo e Psycho), por assim dizer, esse é o meu favorito. Fecha o top 3. Primeiro filme colorido do Hitchock, além, dos inúmeros planos sequência com cortes interessantes como transição, a fim de gerar uma sensação que o filme se trata de um único plano sequência. Todavia, o filme não se limita a técnica, gerando um excelente suspense, e, não se pode deixar de falar das alegorias e metáforas presentes no filme. TE AMO HITCHCOCK.
O Homem Que Sabia Demais
3.9 258 Assista AgoraQuando assisti o original, vi que era um filme com grande potencial, mas pelas suas limitação da época, orçamento e o que seja acabou não sendo aproveitado ao máximo. Ainda bem que o Hitch refez "O Homem que Sabia Demais". Se por um lado o filme tem alguns acertos, como apresentação dos personagens, suas profissão, onde moram e onde vão se alojar (diferente do original, onde acontecem as coisas muito rápido), além de gerar uma empatia pelos protagonistas, também me incomodou algumas coisas como o final. Um dos melhores do Hitchcock.
Olympia - Parte 1: Ídolos do Estádio
4.1 19 Assista AgoraSe formos analisar apenas aspectos técnicos: obra de arte. Foi um longa que me impressionou a cada minuto.
Império do Crime
3.8 23 Assista AgoraRoteiro e trama normal, segui a recomendação por causa da fotografia e não me arrependi. Obra de arte essa fotografia. Estética totalmente noir. Sombras muito bem trabalhadas.
RK/RKAY
3.0 2Bom filme. Curti muito. Fotografia, iluminação e produção maravilhosas. Trabalha a metalinguagem ao se tratar de um filme sobre a realização de uma novela. Além de ser um bom drama. Para quem quer ver algo mais fora do padrão fica a recomendação.