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O que vemos em Hiroshima?
"Pode-se zombar… mas o que mais pode fazer um turista… senão chorar?"
"Assim como essa ilusão existe no amor… a ilusão de poder nunca esquecer… eu tive, diante de Hiroshima… a ilusão de jamais esquecer, como no amor."Vemos em Hiroshima Mon Amour um filme marcante em muitas dimensões.
Marcante porque aborda a memória coletiva de Hiroshima, em Hiroshima. Marcante poque liga profundamente essa experiência coletiva à memória individual de seus protagonistas, mostrando e ressignificando suas identidades. E marcante para o próprio cinema, na forma de retratar a história pela arte: Hiroshima Mon Amour é, ele próprio, origem e matéria de nossa memória expandida sobre a condição humana dos anos 1940-1950. "Por que negar a evidente necessidade da memória?"É uma versão de A Memória, a História, o Esquecimento em forma de filme.
Últimos recados
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LegenDario
Oi, tudo bem? Pergunta aleatória: quais os 5 piores filmes que você já viu? É pro meu TCC.
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Mary Daisy Dinkle
Ahh que maravilha!!! Fico super feliz por estar passando minha indicação para frente :)
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Mary Daisy Dinkle
Olaaaá Willi!!! Fiquei muito feliz pela sua mensagem!! Tanto por ter considerado a minha indicação como por ter retornado para me contar!! :))
Que bom que gostou!!! É um daqueles filmes que nos preenche de satisfação por ver algo tão bem feito!!! Grande abraço!! (Vou dar uma olhada nos seus filmes para pegar ideias rss)
É um filme sobre cair e se levantar, sobre servir e esperar; sobre processo e paciência, sobre dedicação e conquista. Isso está tanto na vivência particular de Maria Braun quanto na experiência coletiva da jovem República Federal da Alemanha (“BRD”, cujas iniciais dão nome à trilogia da qual “Maria Braun” é a primeira), formada após o fim da Segunda Guerra Mundial.
E é claro, vivência e experiência que se entrelaçam. Entrelace convergente no começo do arco narrativo, mas divergente no ponto final.
Primeiro, o casamento com Hermann que começa -- literalmente -- acidentado e cujo futuro se mostra absolutamente incerto nos anos que lhe seguem. Tal qual o futuro de uma derrotada e ocupada Alemanha.
Em seguida, a perda de contato com o esposo e as dificuldades econômicas da família, que coincidem com a desolação de uma Alemanha destruída.
A grande retomada de Maria Braun ocorre após o reencontro com Hermann e a determinação afiada de bem viver com ele no futuro, mesmo que para isso ela tenha de estar sob -- ou sobre, sagazmente -- o comando de Karl Oswald e suas indústrias. Converge com o milagre econômico alemão iniciado em 1948 e que alcançou os anos 1950. Maria Braun e Alemanha: ambas ricas e fortes -- ainda que tenham que apaziguar os ânimos dos sindicatos e patrões.
Porém, ao fim, a divergência entre a vivência particular de Maria e a experiência pública da “BRD” aparece. Após a queda, a espera, a reconstrução e as conquistas econômicas, faltava a realização existencial, tanto para Maria Braun quanto para a Alemanha. O filme termina com a Fortuna, volúvel, fundindo o poder com a miséria, abatendo os Brauns -- bem no dia em que ocorre a refundação simbólica da nação alemã, no Milagre de Berna.
Para além do entrelace entre o particular e o público, “O Casamento de Maria Braun” é um fime sobre dinheiro, que é poder, que corrompe. Corrompe o ser humano, que se perde, que muda, que perde empatia e sensibilidade. E é sobre sobre sorte. Apesar de a paciência ser virtude, não pode o ser humano deixar de tentar viver e de aproveitar o momento, apenas esperando um futuro envolvido numa ideia fixa, que poderá nunca ocorrer.