Alexandre Müller

O filme trabalha o inusitado de maneira bastante inteligente através de elementos técnicos que fazem com que a história deliberadamente transite entre a fantasia e a realidade. O longa também expõe as diferentes formas como as pessoas lidam com o que não conseguem entender e aproveita para criticar a cultura do cancelamento e a busca quase incessante por viralização.

Cortes secos e ritmo um tanto acelerado em alguns momentos podem causar uma certa confusão, mas o clima nonsense e as bizarrices deixam a narrativa tão cômica quanto dramática. É como se estivéssemos tendo um sonho muito louco. E quando os sonhos passam a ser pesadelos, tudo se torna ainda mais intrigante.

Nicholas Cage brilha ao compor um homem comum vivenciando uma situação absurda e com forte ambiguidade no que diz respeito ao que está acontecendo. O ator, que por vezes participa de projetos bem questionáveis, entrega uma de suas melhores performances no longa e demonstra novamente seu incontestável talento.

"O Homem Dos Sonhos” nos apresenta um surrealismo muito interessante. Ele também tem um jeito filosófico e criativo de abordar questões referentes às atuais interações humanas e à busca pelo reconhecimento.

O ótimo trabalho de fotografia de Roger Deakins aliado à sensacional direção de Sam Mendes garantem momentos de tirar o fôlego. Mesmo diante dos horrores da guerra mostrados no filme, é possível ver um pouco de esperança e um grande senso de companheirismo.

Pode-se dizer que a franquia intitulada “Monsterverse” centrada nos imponentes Godzilla e Kong tem sido um sucesso junto ao público apesar de haver críticas mistas no geral. "Godzilla E Kong: O Novo Império”, quinto filme da saga, não deve mudar essa realidade. Afinal, o que acaba sendo mais importante é ver as lendárias criaturas expondo novamente aquela impetuosidade característica mesmo que a trama tenha lá seus pecados.

Como era de se esperar, a nova sequência entrega várias cenas eletrizantes de ação com inevitáveis doses cavalares de destruição envolvendo a dupla de titãs. Só que dessa vez, eles estão unidos para combater monstros ainda mais poderosos, garantindo assim batalhas épicas.

Outro ponto destacável nessa continuação é que os personagens humanos têm um desenvolvimento melhor, algo que ficou faltando em "Godzilla vs Kong" de 2021. A participação deles na história está mais relevante e convincente. Entretanto, o filme perde força quando resolve apelar para o sentimentalismo e soluções fáceis para determinadas situações.

Embora esteja longe de ser uma obra digna de aplausos, "Godzilla E Kong: O Novo Império” não faz feio e até supera o seu antecessor. Com certeza a diversão está garantida para os fãs ardorosos dos gigantes protagonistas e espectadores menos exigentes.