-
O Primeiro Homem
649 Assista Agora -
A Árvore da Vida
3,1K Assista Agora -
Mãe!
3,9K Assista Agora -
Babilônia
334 Assista Agora
Últimas opiniões enviadas
-
Tem Alguns Spoilers...
Trauma, trauma, trauma. O que levou Will (Ben Foster) fugir pra floresta com sua filha adolescente, Tom (Thomasin McKenzie), sempre ficava fitando meu cérebro. Em todas as circunstancias ideológicas, sociais e patológicas, "Sem Rastros" foi deixando rastros, pra gente entender os motivos de Will.
E meio a acampamentos na floresta e fuga da civilização, Debra Granik, vai montando os mistérios de Will, enquanto a dramática auto exclusão vai sendo mostrada. Por mais que ele tivesse tido essa escolha, ele não poderia sacrificar sua filha, com seu passado traumático. Por mais que a vida seja dele, ele seja responsável por sua filha menor de idade e ele tenha ideias diversas sobre a situação do mundo. Ele não batia bem da cachola.
As alternativas que ele buscou pra sua vida e pra sua filha, tapava seus problemas com folhas das arvores, mas a longo prazo, que futuro Tom teria? Ele esticaria as canelas e virado adubo pra cogumelos depois, mas e sua ilha? Ela ficaria vivendo a vida dos pai, suas escolhas, suas dores sem saber por quê? O trama do seu pai não poderia se o norte para ela, e com apenas 16 anos, Tom entendeu que mereceria uma vida melhor.
Consumismo, desapego e capitalismo, viram tudo lixo, quando você quer tomar uma casquinha de chocolate no Mc Donalds. Viver de vontades, num mundo cheio de delicias é uma utopia. Ver a vida da floresta, entender as motivações de Will e o amadurecimento de Tom, foi um dos grandes lances da história. E em meio a tudo isso, tem uma aventura que amarra a gente, onde as dificuldades dessa condição são mostradas sem historinha, sem poesia e sem filosofia. Precisou de hospital, precisou de médico, precisou de remédio, não tem copa de arvore que te ajude. Hobbits e Elfos estão em outros filmes.
A direção do filme é ótima, Debra Granik vai contando o drama sem julgamentos, sem politização, sem viés ideológico, esse balaio de coisas, fica por conta de quem assiste. Em nenhum momento a motivação de Will é exposta de forma clara. Alguns fragmentos são mencionados em algumas conversas e isso foi um triunfo da história, pois manteve um mistério dramático que os roteiros de filmes precisam voltar a ter.
A atuação do Ben Foster é muito forte, muito sincera e humana, ele não procurou ser o Capitão Fantástico, pra promover mentiras sobre si e sobre o mundo. Acima de tudo ele amou sua filha incondicionalmente, escolhendo um mundo alternativo, que na sua ótica era o melhor pros dois. Quando ele enxergou que sua filha não poderia viver sua vida e que ela tinha suas escolhas, foi muito foda.
Como pai, ele deu tudo que tinha, o melhor e o pior. Quando viu que não tinha mais nada a dar, soltou.
"Sem Rastros" é um belo filme e merece ser visto.
-
Tem Alguns Spoliers...
Fuga do mundo, alienação da sociedade, busca pela liberdade. "Na Natureza Selvagem" conta a história de Christopher McCandless, um jovem que fugiu de tudo. Emprego, formação, amigos, família, para viver um mundo que vivia dentro dele, um mundo selvagem e fora dos padrões que tomou a forma de Alasca. Até seu próprio nome, Christopher abandonou. Pra ele, pra natureza, pras poucas pessoas que ele encontrava e pra solidão do Alasca, Alexander Supertramp era seu nome agora.
Dirigido por Sean Penn, e estrelado de forma magnifica por Emile Hirsch, o filme mostra uma aventura corajosa e selvagem, motivada por uma implosão pessoal e ideológica, onde os limites se internos foram alcançados, e que uma separação social era inevitável e talvez até impossível de não acontecer. Tudo vira uma viagem, uma jornada arriscada e perigosa de autoconhecimento, perdão, libertação, sabedoria e cura.
Alexander leva a gente em bora com ele. A viagem dele pelos Estados Unidão é incrível. Numa mochila velha, ele vai para Geórgia, Dakota do Sul, Colorado, Califórnia e Alasca, onde tudo termina. Fuga de casa, trabalho em um cilo, canoa pelos cânions, vida de bicho grilo e solidão. A opera Eddie Vedder vivida por Hirsch, mostra um ser humano cheio de ilusões, culpa, medo e insegurança, que tentou exorcizar sua vida no mundo, nas profundezas do mundo selvagem, mas não do sentido pejorativo, mas em algo intrínseco do ser humano; uma busca pela pureza, inocência, paz e amor, num mundo onde todos compartilham tudo.
Formado em direito ele entra em crise com tudo que aprendeu na faculdade, profissão e família. Com um caráter comunista e ele começa a questionar os valores da sociedade americana. E sai na loca doando parte da fortuna familiar, abandona carro, destrói seus pertences e até sua identidade, e assumi o nome de Alexander. Tudo pra buscar uma conexão com algo real e primordial, uma natureza selvagem que grita dentro dele.
Na sua jornada, Alex explora vários lugares com passagens belas e marcante e cria vínculos temporários com pessoas diferentes como ele quando encontra. Até ele decidir de vez ir pro Alasca, onde ele passou a viver Adão sem Eva, vivendo num ônibus azul abandonado, “ônibus mágico”, deixado acho que por outros viajantes como ele. Lá ele viveu de pequenas caças e frutas silvestres, onde na solidão ele mergulhou dentro de si, nos seus pensamentos e sentimentos, para tentar buscar a sua verdadeira essência.
A direção do Sean Penn é magnifica, acredito que é o seu melhor trabalho como diretor até hoje. As imagens captadas são deslumbrantes, ao som das musicas do Eddie Vedder, onde as letras faziam todo sentido com a jornada. Emile Hirsch também entrega seu melhor trabalho, sua atuação é marcante e diferente de tudo que ela já fez ate hoje.
Além de Hirsch, o elenco conta com Jena Malone, Kristen Stewart, Brian H. Dierker, Vince Vaughn, William Hurt, Catherine Keener, Marcia Gay Harden, Hal Holbrook.
"Na Natureza Selvagem" é um clássico dos anos 2000, no cinema a experiência foi marcante.
Últimos recados
-
André Zanarella
Oi Vagner
Bom dia
Espero que possamos desenvolver uma boa amizade
abraçoÉ curioso como as cores do mundo real parecem muito mais reais quando vistas no cinema. Laranja Mêcanica
-
Joy Candeia
Adorei o que escreveu sobre Clímax do Gaspar noé, sintetizou exatamente o que senti quando assisti a anos atrás!!!!
-
XXXsadbeautifulXXX
obrigado :D <3
Tem Alguns Spoilers...
Capitão Caverna! Professor comunista socialista anarquista niilista exilado auto excluído naturalista louco marido e pai de seis filhos, que decide criar sua família numa floresta, longe da sociedade, sem contato com TV, celulares e computadores, religião e o tal fictício consumismo, se vê obrigado a voltar pra essa Babilônia, depois que sua esposa estica as canelas.
Começa então, o retorno de Ben Cash (Viggo Mortensen), para o mundo real, pro mundo onde você precisa t.r.a.b.a.l.h.a.r. para ganhar dinheiro, compra casão, carrão, iate, apto, passear e todo ano trocar de iphone quando sair um novo. E não viver nesse mundo de educação extraordinária, comportamento de lorde e de esportista, se você não for útil pra você e para o mundo, sendo o mesmo a grande prostituta bíblica ou não.
Dirigido por Matt Ross, "Capitão Fantástico" confronta de forma incrível a fabula de um pai ultra conservador e controlador liberal, num mundo onde todas as pessoas bebem desse cálice maldito para se viver. Uns com moderação, outros o necessário e uma grande maioria se embebedam até a última gota dessa maça proibida. Eva foi foda!
Dilemas são quebrados, dogmas são destruídos e valores são renovados. Mãe é mãe, não existe ideologia no mundo que altere o amor que se tem por ela. Não cabe aos Capitães Fantásticos da vida, obrigarem seus filhos a seguirem seus rastros. E quando a água bate na bunda de Ben, a sua perestroika de caverna começa a ruir. O mundo podre é apresentado aos rebentos, mas o mundo real, magnifico e necessário também. Mas ele dó foi aceitar, quando um acidente desnecessário acontece.
O filme tem cenas e diálogos incríveis, como a vida deles na floresta, com eles caçando, treinando e escalando montanhas. O jantar na casa da cunhada, com os seus filhos arrebentando os tios e primos nas ideias. O xaveco cabaço e furado do Bodevan, e a cena épica de Ben e seus filhos chegando na igreja, com ele todo de vermelho e dando aquele discurso foda! Cê é loco. E depois, lógico a interpretação de "Sweet Child O' Mine", do Guns N' Roses, depois de eles terem roubado o corpo da mãe, pra fazer o enterro pagão dela.
"Sempre fale a verdade. Sempre tome o caminho certo. Viva cada dia como se pudesse ser o último. Beba-os. Seja aventureiro, ousado, mas saboreie. Acaba rápido. Não morra".
São os últimos conselhos do pai para o filho.
Em suma, "Capitão Fantástico" faz a gente ficar com um sorrisão no rosto, abordando de forma brilhante temas familiares, direitos, ideologias, sociedade, fuga da sociedade, que promove uma discussão ótima sobre relacionamentos entre pais, filhos e familiares. É um filme progressista sim, mas também faz uma bela critica ao radicalismo, buscando algumas verdades, nessas ideias fantásticas de um agora ex-capitão, que agora passou a ter novas ideias, novas escolhas e valores melhores.